Ecos da Terra
O solo maquinado às pencas
engole as mãos cascosas
em serras encaroçadas, planícies esgarçadas,
emurchecidas pela tirania cítrica
da ganância agrária, dos desastres climáticos.
São hectares de conflitos irrigados
por líquido avesso à própria substância
um furacão de gotas creditícias
a juros férteis
adubando o camponês com o campônio.
Planos cafeínos,
sem açúcar, sem um doce gesto rústico,
alimentando tratores de politiquice,
desnutrindo a humilde esperança
de reviver a terra seca como herdada.
Desde o pau-brasil, capitanias, sesmarias,
terras pombalinas, donatarias citadinas...
Diante de agressiva conjuntura,
resta levar fumo, plantar batatas
a cólica coivara – grito do órgão oco
que se entorpece com o enxofre
das sevícias exaustivas
no campo minado das batalhas.
Marcadores: Poemas
15 Comentários:
E o povo sempre perdendo...
beijos
Guto, bonito seu texto. Para mim, o MST é o movimento mais bonito e importante que há no Brasil. Aquela música Cruel tem a ver com sua poesia. Aquela versão é linda, não?
Um beijo,
Martha
É sim.
A foto e a poesia me lembraram aquela música cantada pela dupla Pena Branca e Xavantinho, "decepar a cana, remover a garapa da cana...", e apor aí vai. Abs.
reforma agrária já !
Guto,
um belo poema ins-pirado!
Abraços, flores, estrelas..
.
belo texto!
e eu vivo aquilo todos os santos dias de minha existencia. Quisera eu viver aquilo só na semana passada...
obrigada pela visita.
Minha monografia foi sobre a Reforma Agrária e depois, no mestrado, tive muito contato com os assentados. Me apaixonei pelo assunto. Precisamos tomar conta da nossa terra, dos pequenos produtores que serão nossa chance de continuar a comer com alguma variação alimentar.
Você já assistiu O Futuro dos ALimentos?
Me lembrou as visitas à fazendo de Cafelândia no Paraná.. ai, saudade...
Não sou muito credula com a reforma agrária não...
Guto,
vim agradecer a visita e já vou linkar seu blog, pois já vi que vou gostar muito.
Abraços
Guto.
Juro que passei o tempo todo que lia pensando: não é possível que ele tenha escrito.
Não é possível.
É possível.
Tou virando fã.
Lidiane, assim você me destrói. Grande beijo e prazer imenso em vê-la por aqui mais uma vez.
O texto é muito bem construído e comove. E passa a mensagem de um jeito muito inspirado, como disse o amigo aí.
Abração.
Fantástico! Poesia que fala pro mundo e do mundo. Fala de um dos problemas mais cruéis que temos: a divisão justa da terra, reforma agrária. Gosto disso.
Guto.
Respondendo a sua pergunta no Delicatessen: claro que não me incomodo.
lidiane_britto@hotmail.com
O e-mail está no perfil do blog, disponível para os amigos.
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