quinta-feira, dezembro 06, 2007

O diário dos homens obsoletos – parte 4


Mais uma vez brigaram pelo mesmo motivo tolo de sempre: o dinheiro curto. Ele reclamava do peso em suas costas, talvez por ter costas frágeis. Ela arrotava um resquício de fidalguia, de uma nobreza bizarra, ao se dizer herdeira. Declamava, com certo orgulho, o seu privilégio: não ter de se submeter à lógica imperialista dos dindindons.

No dia seguinte, foi buscá-lo no trabalho, no horário do almoço, com um saquinho de acerolas. É para você – ela ofertou. Estavam vermelhas, bonitas, plenas de viço. Mas ele, que sempre adorou a fruta, comportou-se como se nunca tivesse gostado de acerolas. Mudou logo de assunto, colocou o saco no banco traseiro do carro, aquelas frutas não diziam nada a respeito do seu amor.

Ao voltar para casa, mais uma vez ela veio com as frutinhas, desta vez em uma vasilha. Se quiser fazer um suco... As frutas, juntinhas e alegres, pareciam uma carne morta.

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4 Comentários:

Às 5:11 PM , Anonymous Anônimo disse...

Capitalismo selvagem!

 
Às 2:22 AM , Anonymous Anônimo disse...

tsc tsc.. nem o presente de reconciliação funciona?

puxa.

beijos

www.oncoto.erikamurari.com.br

 
Às 3:33 AM , Blogger Lidiane disse...

É...
Às vezes, até o gosto vermelho da fruta se transforma em fel.

 
Às 9:25 AM , Blogger Valerie disse...

ai.

 

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