As coisas sem nós
Cada casa tem um penteado
A árvore peruca
Aquele prédio está careca
E o chão...
No chão as coisas correm
A gente toda imita as coisas
Dentro da gente existe chão
Veias-estradas
Os órgãos mini-seres acoplados
Na cama dois portos trepam
Pelo prazer de viajar
Ou
Pelo compromisso de
Fabricar um chip de carne e osso
Enganchamento de colo
De colosso
De pele saltitante raiz de amores endividados
De química exaltada
Sem pano e sem planos.
Marcadores: Poemas
6 Comentários:
Letras consumidas na cadência de tua poesia. Leitores endividados com o retorno a este lugar que inspira.
Belíssima poesia.
ótima descontrução da palavra!!!!
Adoro esse tipo de versinho. Metáforas rules o/
Excelente o texto. Tb concordo quando dizem que as metáforas devem voltar a figurar nos textos e poemas.
Abração.
quanta estrada pra chegar até aí? bjo
Sabe do que lembrei lendo você?
De um poema MARAVILHOSO do João Cabral de Melo Neto: A mulher e a casa. O que mais gosto dele, aliás.
Procê então:
Tua sedução é menos
de mulher do que de casa;
pois vem de como é por dentro
ou por detrás da fachada.
Mesmo quando ela possui
tua plácida elegância,
esse teu reboco claro,
riso franco de varandas,
uma casa não é nunca
só para ser contemplada;
melhor: somente por dentro
é possível contemplá-la.
Seduz pelo que é dentro,
ou será, quando se abra;
pelo que pode ser dentro
de suas paredes fechadas;
pelo que dentro fizeram
com seus vazios, com o nada;
pelos espaços de dentro,
não pelo que dentro guarda;
pelos espaços de dentro:
seus recintos, suas áreas,
organizando-se dentro
em corredores e salas,
os quais sugerindo ao homem
estâncias aconchegadas,
paredes bem revestidas
ou recessos bons de cavas,
exercem sobre esse homem
efeito igual ao que causas:
a vontade de corrê-la
por dentro, de visitá-la.
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