O dito e o não dito - parte 4
Discordância. Sempre ou quase. Um modo de exercitar as diferenças. Óbvio. Elas precisam ganhar músculos, viver a hipertrofia da opinião instantânea, a glória raquítica dos bares. Nada do acanhamento do okei ou do aceno caduco do sim, penso como está posto. Tantas farpas trocadas para no fundo se dizer o mesmo. No fundo, cavando bem, é possível encontrar um baú, com uma série de rusgas inúteis, tesouro de cada ser que destoa, desafina para provar as coisas que desconhece ou testificar o limite da paciência do outro. Para estes, o melhor remédio talvez seja oferecer flores, cultivadas há muito no jardim da própria casa. Como pode existir um diálogo entre farpas e flores? É uma questão para se investigar.
Discordância, só quando vale a pena. Por exemplo, uma boa chacoalhada em campos hipócritas. Apenas estalos não servem, seria um diálogo entre dois tipos de hipocrisia. Penso que paralisar o rosto da impostura também resultaria bem. Sim, imaginar uma fileira de fingidos imóveis é como sentir cócegas. E o riso nervoso sai do espírito zarabatana e atinge o olho do embusteiro, que cega. Não seria fantástico, alguém dessa estirpe cegar por causa das cócegas de um justiceiro?
Marcadores: Armas de fogo, Pequenas séries
5 Comentários:
discordar pra mostrar outro ponto de vista...isso é importante.
Ser "do contra" dá trabalho. Exige, não só um saber notório sobre diversos e extensos assuntos, como uma habilidade descomunal de discordar até de si mesmo quando, de fato, há concordância de idéias.
Faz-se, então, a diversão pela discussão e não pelo assunto em si... tem gente que gosta...
beijos daqui...
a camilinha me descreveu aí em cima, de certa forma
(e se eu estivesse sequer perto de ter um 'saber notório')...
o teu blog é um dos mais legais e interessantes que já vi...parabéns!!!
Pois é, este diálogo entre "farpas e flores" me fez lembrar um samba de Nelson Cavaquinho chamado "A flor e o espinho" que diz assim: "(...)Hoje pra você eu sou espinho/ Espinho não machuca a flor(...)" ...
Muito legal a seqüência de "O dito e o não dito" ... aguardo a parte 5, 6 , 7 ...
Grande abraço,
Gustavo
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