
Discordância. Sempre ou quase. Um modo de exercitar as diferenças. Óbvio. Elas precisam ganhar músculos, viver a hipertrofia da opinião instantânea, a glória raquítica dos bares. Nada do acanhamento do okei ou do aceno caduco do sim, penso como está posto. Tantas farpas trocadas para no fundo se dizer o mesmo. No fundo, cavando bem, é possível encontrar um baú, com uma série de rusgas inúteis, tesouro de cada ser que destoa, desafina para provar as coisas que desconhece ou testificar o limite da paciência do outro. Para estes, o melhor remédio talvez seja oferecer flores, cultivadas há muito no jardim da própria casa. Como pode existir um diálogo entre farpas e flores? É uma questão para se investigar.
Discordância, só quando vale a pena. Por exemplo, uma boa chacoalhada em campos hipócritas. Apenas estalos não servem, seria um diálogo entre dois tipos de hipocrisia. Penso que paralisar o rosto da impostura também resultaria bem. Sim, imaginar uma fileira de fingidos imóveis é como sentir cócegas. E o riso nervoso sai do espírito zarabatana e atinge o olho do embusteiro, que cega. Não seria fantástico, alguém dessa estirpe cegar por causa das cócegas de um justiceiro?
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