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Eu sou volúvel, inconstante. E acho que a forma mais honesta de lidar com a coisa é assumi-la. Como acredito na liberdade, sempre penso que no mundo haverá espaço para eu ser o que quiser ser. Então, tem horas que estou doce, alegre. Aí eu salto. Em outros momentos, sinto raiva e tormento. Jogo pra fora, despejo. Tédio, tristeza. Deito um pouco. E vai assim, correndo os dias em que transpiro porque tudo o que sinto me aquece.
Nestas pouco mais de três décadas de existência, uma das coisas que desaprendi foi me iludir. Talvez uma das maiores perdas que tive na minha jornada até aqui. Todo mundo precisa de um pouco de engano, subterfúgios, pretextos, evasivas, em uma medida ou outra, para tornar menos doloroso e amargo o algo não muito agradável que a vida de vez em quando nos traz. Eu sabia os passos dessa dança até um tempinho atrás. Hoje, piso no pé de todo mundo. Voltei a ser criança.
Há algumas horas eu ouvi de alguém muito importante para mim que “eu pioro as coisas” quando abro a boca para falar. Eu odeio brigar e ando brigando muito. Deve ser porque ainda não aprendi direito o que vale e o que não vale a pena na minha vida. Chorei um choro preso. Acreditei naquela fala que coloquei para ela de forma dura, sem freios. Via em tudo legitimidade, independentemente de razão. Aliás, não se trata de certo ou errado. Mas apenas de sentir.
Às vezes também penso que expressar de forma explícita nos revela demais. Daí, a necessidade de evitar, de manifestar o desejo de não ouvir. Assim, é mantido um mínimo de mistério, de charme. E eu, na contramão, continuo dizendo, tocando em pontos inacessíveis, ou em outros em que não há muita afeição, ou mesmo em dores que devem ser esquecidas. Faço isso inclusive comigo. E faço movido (e acredito nisso como um tolo ou como um demônio) por amor. E o meu amor é uma energia que parece não se gastar nunca.
Pois é, quem sabe eu não sou isto – um demônio amoroso. Alguém vermelho demais, um pouco tosco, mas ao mesmo tempo sereno e aberto. Leve, tranqüilo. Puto-encapetado. Carinhos, dengos, surtos e cismas. Lambidas, beijos, socos e traumas. Loucuras do bem, loucuras do mal e loucuras sem pé nem cabeça. Desatino feroz, monstruosidades, fantasia, brilhantismo. Se tudo cabe, tudo pode.
Eu poderia acabar este texto agora. Mas não consigo. E não consigo porque meus dedos estão trêmulos. Enquanto eu não parar de tremer eu vou bater nestas teclas. Vou surrá-las até a minha mente sangrar. Escrever, escrever para me canibalizar na própria escrita. As palavras me doem, me coçam, me incentivam. Elas não me iludem, portanto são o que resta de simpático a mim.
Como conter meu ímpeto? Se me calo, me açoito. Tento me comover com o silêncio. Mas ele é uma vara delgada que me dilata o estômago. O silêncio me dá gastrite e cólica...
Uma mão toca o ombro de Artur, que imediatamente pára de escrever o próximo post para o seu blog. É a mão de Malu. Acabara de chegar do Beco das Ranhuras – um lugar onde tudo é feito de madeira estriada. Visitava o beco de vez em quando para escapar um pouco da vida fingida que levava. Tinha fome. Não sabia bem o que queria comer. Comeu a sexta e a quarta corda do violão do seu amado e começou a cantar o que sentia em uma nota não muito fácil de identificar. Não dava para perceber muito bem se era um canto desafinado ou um canto novo. Mas era dedicado a Artur, ao amor e à liberdade.
Nestas pouco mais de três décadas de existência, uma das coisas que desaprendi foi me iludir. Talvez uma das maiores perdas que tive na minha jornada até aqui. Todo mundo precisa de um pouco de engano, subterfúgios, pretextos, evasivas, em uma medida ou outra, para tornar menos doloroso e amargo o algo não muito agradável que a vida de vez em quando nos traz. Eu sabia os passos dessa dança até um tempinho atrás. Hoje, piso no pé de todo mundo. Voltei a ser criança.
Há algumas horas eu ouvi de alguém muito importante para mim que “eu pioro as coisas” quando abro a boca para falar. Eu odeio brigar e ando brigando muito. Deve ser porque ainda não aprendi direito o que vale e o que não vale a pena na minha vida. Chorei um choro preso. Acreditei naquela fala que coloquei para ela de forma dura, sem freios. Via em tudo legitimidade, independentemente de razão. Aliás, não se trata de certo ou errado. Mas apenas de sentir.
Às vezes também penso que expressar de forma explícita nos revela demais. Daí, a necessidade de evitar, de manifestar o desejo de não ouvir. Assim, é mantido um mínimo de mistério, de charme. E eu, na contramão, continuo dizendo, tocando em pontos inacessíveis, ou em outros em que não há muita afeição, ou mesmo em dores que devem ser esquecidas. Faço isso inclusive comigo. E faço movido (e acredito nisso como um tolo ou como um demônio) por amor. E o meu amor é uma energia que parece não se gastar nunca.
Pois é, quem sabe eu não sou isto – um demônio amoroso. Alguém vermelho demais, um pouco tosco, mas ao mesmo tempo sereno e aberto. Leve, tranqüilo. Puto-encapetado. Carinhos, dengos, surtos e cismas. Lambidas, beijos, socos e traumas. Loucuras do bem, loucuras do mal e loucuras sem pé nem cabeça. Desatino feroz, monstruosidades, fantasia, brilhantismo. Se tudo cabe, tudo pode.
Eu poderia acabar este texto agora. Mas não consigo. E não consigo porque meus dedos estão trêmulos. Enquanto eu não parar de tremer eu vou bater nestas teclas. Vou surrá-las até a minha mente sangrar. Escrever, escrever para me canibalizar na própria escrita. As palavras me doem, me coçam, me incentivam. Elas não me iludem, portanto são o que resta de simpático a mim.
Como conter meu ímpeto? Se me calo, me açoito. Tento me comover com o silêncio. Mas ele é uma vara delgada que me dilata o estômago. O silêncio me dá gastrite e cólica...
Uma mão toca o ombro de Artur, que imediatamente pára de escrever o próximo post para o seu blog. É a mão de Malu. Acabara de chegar do Beco das Ranhuras – um lugar onde tudo é feito de madeira estriada. Visitava o beco de vez em quando para escapar um pouco da vida fingida que levava. Tinha fome. Não sabia bem o que queria comer. Comeu a sexta e a quarta corda do violão do seu amado e começou a cantar o que sentia em uma nota não muito fácil de identificar. Não dava para perceber muito bem se era um canto desafinado ou um canto novo. Mas era dedicado a Artur, ao amor e à liberdade.
Depois de ter cantado bastante, Malu foi para cama e se deitou nua e meio encolhida. Engasgou-se com os acordes que não conseguiu dar. Produziu belíssimas dissonantes, primorosas diminutas e foi adormecendo lentamente. Artur via aquele sossego todo sem entender nada porque, para ele, a mão de Malu ainda estava repousada em seu ombro.
Marcadores: Histórias e invenções
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