sábado, novembro 11, 2006

Tempo de Estio

No início da tarde de ontem, passeando pela rede, assisti a alguns vídeos sobre o seqüestro do ônibus 499, na Via Dutra, altura de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense. Imediatamente, me veio a lembrança do episódio com o 174, em junho de 2000, e toda a angústia que senti ao ver aquelas cenas tensas e reveladoras do despreparo dos policiais que faziam a operação de resgate. O tiro que acertou a cabeça da jovem Geísa ecoou pelo mundo e foi uma das imagens mais tristes e paralisantes que vi na vida. Havia o receio em mim daquilo se repetir. Saí de onde estava e fui baixar canções alegres.

Minutos depois ouvia Tempo de Estio, de Caetano Veloso. Com sua voz terna e firme, entoava um Rio repleto de ardor sereno, exaltação tranqüila, corpos e preguiça. Bateu um misto de saudade e repúdio: festas sinestésicas, leme à milanesa, êxtases, explosões, muro de casa com marca de bala, soldado do exército abrindo a porta do meu guarda-roupa e mexendo nas minhas cuecas, samba na laje, surtos de mãe, futebol, sinuca, sueca, feitiços e vapores, macia zona sul e subúrbio bafo quente - onde nasci e fui criado. O Rio é lindo, eu sei. De lá saí, há quase dez anos. Ao vê-lo de longe me arrepio todo e me esquento um pouco para a próxima dança.


Felizmente ninguém se feriu no 499.

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1 Comentários:

Às 3:16 PM , Anonymous Anônimo disse...

Rapá, vou ser o primeiro a comentar no seu blógue? hehe.

Bom, já conversei com o amigo sobre impressões sobre o Rio construídas quando se está longe. Sei lá, temos uma presdisposição a deixar tudo mais calamitoso do que realmente é.

o seqüestro de ontem parou a Dutra, foi sério, coisa de uma marido deixado de lado. Hoje os jornais estão fazendo um tremendo carnaval sobre. Sei lá, não gosto muito da idéia de explorar dramas humanos.

Bom, a vida segue e vamos em frente. Abraço e darei mais as caras na área. Abraço aê.

Vicente.

 

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